Não conte confidências nem para o melhor amigo

Haverá exagero nessa frase?

Já escrevi sobre a necessidade de fugir das pessoas negativas. E o que dizer dos nossos melhores amigos? Merecem conhecer nossos segredos, nossas angústias? Estarão dispostos a nos ajudar? O assunto foi abordado rapidamente e merece uma análise em particular.

Quando trabalhava em escritório, tendo a  companhia de outras pessoas, observava os colegas e seus diferentes tipos de comportamento. Alguns eram exímios poupadores e conseguiam fazer mágica, multiplicando seus salários, mesmo (ou talvez por isso) em época de inflação. Conseguiam a façanha de manter uma caderneta de poupança. Outros, tendo outras prioridades na vida, viviam endividados. A inflação, de mais de 50% ao mês, contribuía para o agravamento da situação. Os juros cobrados pelos bancos chegavam, mensalmente, a ultrapassar o salário recebido. Imagine ter hoje um cheque especial de mil reais e pagar 800 reais de juros todo fim de mês. Era assim que as coisas aconteciam.

Testemunhei o desespero silencioso de muitos colegas. Não havia saída. Novos empréstimos cobriam os anteriores e as dívidas não paravam de crescer.

Enquanto alguns endividados se fechavam, outros procuravam conversar sobre o assunto com os companheiros que, tecnicamente, poderiam ajudá-los. Seria uma válvula de escape ou um pedido de socorro.

De nada adiantava essa confissão. Nunca observei alguém ajudando o colega endividado, mas era perceptível uma certa satisfação naquele que ouvia as confidências. Sempre havia um sorriso camuflado, um ar de vitória, naquele que, vivendo sob as mesmas circunstâncias, conseguia superar as adversidades, poupar, ter um carro, seu apartamento.

O pobre endividado saía mais enfraquecido de uma conversa como essa, sem resolver os problemas. Havia sido vampirizado pelo colega, por culpa exclusivamente sua. Ofereceu o pescoço ao vampiro.

O momento atual é diferente. Não há mais inflação e as pessoas, salvo casos fortuitos, principalmente por doença na família, se endividam por opção de consumo. Não são vítimas da inflação, mas do mau gerenciamento financeiro. O comportamento, no entanto, deve ser o mesmo. De nada adianta contar problemas pessoais a terceiros. Ninguém vai ajudá-lo. Não espere uma mão amiga. Dificilmente a encontrará. Abrir sua alma vai enfraquecê-lo ainda mais. Se precisa desabafar, procure um conselheiro espiritual.  Servirá de alívio. Ou, o que é melhor, converse com você mesmo sobre o problema e parta para o enfrentamento. Tudo passa. Isso também passará.

Pense nisso e preserve-se!

 

 

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