O que dizem as mãos

Certamente todos nós teríamos dificuldade em identificar as partes mais importantes de nosso corpo, pois, cada uma delas cumpre uma importante função. Mas, sem dúvida alguma, as mãos estão entre as mais bem colocadas no pódio, haja vista o número de expressões com a palavra “mão” (mãos de fada, mão de ferro, meter a mão, deixar de mão…). E, como são trabalhadoras as danadinhas, pois, nem mesmo durante o sono do dono elas descansam, ora segurando a cabeça, ora revirando o travesseiro ou puxando o cobertor.

Neste exato momento, olhe para suas mãos e imagine quanto serviço elas já lhe prestaram: no reconhecimento das coisas, no tato com o corpo, no manuseio das ferramentas de trabalho, no ato do amor, no cuidado com a prole, em suma, na manutenção de sua vida. Será que você tem sido grato a elas suficientemente? Estão bem tratadas, ou as coitadinhas andam muito ressecadas? Que tal passar um creminho bem cheiroso nessas musas, como forma de agradecimento?

As mãos são o principal utensílio nas artes e nos ofícios. E, por isso, não nos surpreende que tenham sido elas as grandes responsáveis pela evolução da humanidade. Até mesmo o cérebro reconhece isso, pois tem com elas mais conexões do que com qualquer outra parte do corpo. É por isso que o nosso estudo sobre a linguagem corporal começa com elas, as magníficas obreiras, interpretando o modo como nos são apresentadas.

A pessoa sincera e honesta, geralmente expõe a totalidade ou parte da palma da mão para o interlocutor, quando está exprimindo tais sentimentos (Eu não sou responsável por isso!/ Eu estou falando a verdade!). Por sua vez, a criança, quando está mentindo ou ocultando alguma coisa, esconde geralmente as palmas das mãos atrás das costas. E os bolsos funcionam como um bom esconderijo para um marido ou namorado mentiroso, enquanto a mulher procura desviar-se do assunto, falando de várias coisas ao mesmo tempo ou se mostrando muito ocupada.

Dentre os sinais corporais emitidos pelo nosso corpo, a palma da mão está entre os mais poderosos, quer transmitindo ordens ou comandos, ou num aperto de mãos. Principais gestos de comando:

  • mão espalmada para cima – demonstra uma atitude não ameaçadora em que a pessoa encontra-se submissa, desarmada; (Diga-me o que eu posso fazer?)
  • mão espalmada para baixo – demonstra autoridade, ordenança; (Sem conversas, vá saindo!)
  • mão fechada com o dedo indicador apontado – demonstra ameaça, superioridade, agressividade, e induz sentimentos negativos na outra pessoa. (Nunca mais me fale sobre tal assunto.)

O aperto de mão faz parte do passado remoto da humanidade, quando elementos das tribos primitivas estendiam os braços com as mãos espalmadas, no intuito de demonstrar que não carregavam armas. Por sua vez, os antigos romanos, para se defenderem contra a possibilidade de um punhal escondido na manga da camisa, criaram o aperto de mão no antebraço, como cumprimento.

Existem sete irritantes apertos de mão:

  • O peixe-morto – a mão apertada é fria e pegajosa, com sensação de frouxidão e flacidez – indicador de fraqueza de caráter.
  • O torno – o iniciador estende o braço com a mão espalmada para o chão e dá um forte puxão para baixo, seguido de dois ou três outros solavancos de retorno – indica desejo de dominar e assumir o controle da relação.
  • O quebra ossos – parecido com o torno, tritura os ossos do outro. Se for com uma mulher que está usando anéis pode ferir seus dedos – indica uma personalidade agressiva.
  • O aperto com as pontas dos dedos – pode indicar a vontade de manter distância ou exprimir, também, um sentimento de inferioridade.
  • O cumprimento com o braço esticado – tende a ser usados por tipos agressivos, com o objetivo de colocar a outra pessoa fora de seu espaço pessoal.
  • O arranca-soquete – a mão é agarrada à força e puxada com um solavanco para perto do iniciante – pode demonstrar insegurança ou necessidade de controlar o outro.
  • A alavanca de bomba – o iniciante pega a mão do outro, e começa a bombeá-la, sacudindo-a em rápidos movimentos verticais – até sete subidas e descidas são aceitáveis.

Não sei se alguns dos leitores já passaram pelo constrangimento de levar a mão, numa roda de pessoas, para cumprimentar alguém, e a coitadinha ficar solitária no ar, porque o desatento está cumprimentando outrem, totalmente fora da rota, ou seja, mais distante, sem se ater a uma determinada ordem.

Duro mesmo é quando duas pessoas ficam indecisas quanto a pegar ou não na mão uma da outra. Uma leva a mão que volta humilhada por não ter encontrado a outra. Então o outro resolve levar a sua e a situação se inverte. Haja constrangimento. Mas, contudo e apesar de tudo:

Benditas sejam nossas mãos!

Por Lu Dias

 

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